Tudo que você precisa saber sobre Coronavírus
Em meio a toda essa chuva de informações a que estamos expostos 24 horas por dia pela televisão e redes sociais sobre o coronavírus nas últimas semanas, vou tentar resumir de forma didática e clara as informações mais relevantes sobre o
assunto e suas repercussões no nosso cotidiano, nas políticas de saúde, economia e , principalmente, sobre a doença propriamente dita.
Em primeiro lugar, o que é um vírus?
A palavra vírus vem do latim e significa veneno ou toxina. Foram visualizados pela primeira vez com o desenvolvimento do microscópio eletrônico em 1931, mas estudos do século XIX já cogitavam sua existência.
São seres microscópicos, compostos basicamente de material genético – o famoso DNA ou, alguns casos, o RNA, e uma estrutura que os reveste, denominada de capsídeo viral. Alguns ainda têm outra estrutura externa, chamada de envelope , que é o caso dos coronavírus.
Conhecer a estrutura do vírus é de suma importância no desenvolvimento de medicamentos antivirais e vacinas, o que vem acontecendo avidamente nos diversos centros de estudo ao redor do mundo no combate desta pandemia.
Outro fato curioso a respeito dos vírus: eles não possuem metabolismo próprio, o que significa que necessariamente precisam de alguma célula hospedeira para sobreviver, seja de planta, animal, fungo, bactéria ou qualquer outra.
Ou seja, são parasitas obrigatórios! Eles podem até resistir algum tempo no meio ambiente, mas morrem depois de minutos a dias, dependendo das condições ambientais e do tipo do vírus.
No caso em questão, especula-se que o coronavírus possa sobreviver de algumas horas a até 03 dias fora do hospedeiro, variando conforme o clima e tipo de superfície que ele está.
E o Coronavírus?
Primeiro, de onde vem esse nome? Quando observados ao microscópio eletrônico nota-se que eles apresentam projeções semelhantes a coroas (do latim – corona).
Novo? Sim! Antes das primeiras infecções graves surgirem com o surto de 2002 que será detalhado mais a frente, os coronavírus já eram antigos conhecidos, responsáveis por causar o resfriado comum e que raramente cursavam com infecções
mais complicadas. Essa família de vírus têm vários subtipos, dividos entre os que têm capacidade de infectar seres humanos e animais (tipos 1 e 2) e os que infectam aves (tipo 3). Em alguns grupos de estudo, notou-se que cerca de 50% das crianças e 70% dos adultos são imunes contra as cepas não causadoras de enfermidades graves destes vírus. Inclusive, em outro estudo, mostrou-se que os coronavírus eram responsáveis por causar cerca de 15% dos quadros de resfriado comum em humanos.
Mas então porque já não foi desenvolvida uma vacina ou medicamento eficaz contra ele já que é tão antigo assim?
Por alguns motivos, como dito, ele causava apenas resfriados comuns, quadros que são passageiros não causam maior gravidade e não deixam sequela. E, além dele, diversos outros vírus também causam esse mesmo quadro, sendo que a grande maioria não tem nenhum tratamento específico. Ou seja, fazer o diagnóstico não mudaria em nada o tratamento até então. Outro motivo é o fato do material genético dele ser do tipo RNA, que vou explicar mais abaixo.
Mas o que aconteceu então para que um vírus praticamente inofensivo se tornar esse patógeno com alta taxa de letalidade?
Vamos aprender um pouco com as epidemias que já ocorreram no passado, como dizia um professor meu – “relembrar é viver ou sofrer novamente”. Os primeiro casos graves ocorreram também na China em 2002, provavelmente em mercados de animais silvestres na província de Guangdong.
Como dito, esse vírus infecta tanto humanos como animais e ele provavelmente “pulou” de uma espécie de morcego chamada de morcego-ferradura para um paciente humano, causando uma doença muito grave que leva ao óbito. O fato é que esse vírus é do tipo RNA, que diferentemente do DNA, tem uma alta taxa de mutação, o que levou o vírus a se tornar muito mais agressivo ao ser humano. Isso também nos leva a mais algumas considerações.
Primeiro: nessa pandemia atual, assim como na primeira epidemia em 2002, trata-se de um vírus novo e mais agressivo, ou seja, ninguém é imune a ele.
Segundo, como dito no parágrafo anterior, o fato dele sofrer muitas mutações dificulta o desenvolvimento de uma vacina e terceiro, uma vez infectado, você pode, sim, ser infectado novamente!
E que vírus novo é esse de 2019-2020? – Esse assunto é muito extenso e não podemos concluir nesse artigo. Fique de olho no próximo artigo “Saiba mais sobre o COVID-19, tudo que você precisa saber- parte II“. No nosso portal.
Dr. Antônio Curpetino– 25 de março de 2020.